Entenda o primeiro para se libertar da dependência emocional
Este artigo, como já diz o subtítulo, não é um “manual” para sair da dependência emocional. O objetivo aqui é ENTENDER por que e como ela acontece para poder iniciar o processo. Não há dicas tipo, faça isso ou faça aquilo.
A ideia é começar a criar um mapa do caminho para superar e em artigos próximos vamos falar passos concretos para fazê-lo.
A Construção Pessoal do Afeto
Sair de um relacionamento de dependência emocional ou de uma série deles implica em um mergulho profundo no autodescobrimento e na evolução pessoal. O primeiro passo é compreender qual o ponto de partida para se libertar desses laços emocionais que nos prendem.
Vamos voltar um pouco no “tempo” e rever um conceito fundamental que é a construção do amor e do afeto em nossas vidas. Nossas primeiras vivências de afeto acontecem nos braços dos nossos cuidadores primários, pais, mães, avôs, avós, tias etc. Essa fase inicial é marcada não apenas pelo amor, mas também por uma dependência emocional intrínseca, especialmente nos primeiros anos de vida.
Nesse estágio, como bebês ainda, somos totalmente dependentes emocionalmente e até em termos de sobrevivência básica daqueles que nos cuidam, buscando nossas primeiras referências no rosto materno, por exemplo.
Este é um período em que nossa identidade ainda não está totalmente formada, e a dependência emocional se manifesta de maneira concreta, tanto física quanto emocionalmente.
A Transição para o Afeto Adulto
Isso é normal, saudável e não há nenhum desafio envolvido, a não ser que NÃO EXISTA afeto, cuidado, o que costuma causar traumas. O desafio aparece à medida que crescemos e começamos a relacionar essas experiências iniciais com nossos amores românticos de idades mais adolescentes e adultas.
Surge a crença errada de que dependemos emocionalmente do parceiro amoroso como dependíamos de nossos cuidadores, alimentando uma leitura distorcida do que é o amor. Na realidade, não dependemos emocionalmente do outro, porque, mesmo em caso de separação, continuaremos vivos.
Sermos isolados de cuidadores na infância poderia causar nossa morte, literalmente. Mas não a separação de adultos amados. É crucial discernir a dor da separação da dependência emocional infantil que está nas relações primárias.
A sensação de desespero ao se perceber dependente emocionalmente assemelha-se à angústia de uma criança diante da iminência de perder seu porto seguro e correr até risco de vida. Mas o verdadeiro amor adulto vai muito além dessa dor infantil.
O que é Amor sem Dependência Emocional
Amar é compartilhar experiências, é gostar do outro e, inevitavelmente, é enfrentar a dor quando o afeto não é recíproco. Distinguir essa dor da dependência emocional infantil é o primeiro passo para transcender esse padrão prejudicial.
É válido, normal e até saudável sentir dor diante da não correspondência afetiva, mas é preciso diferenciar essa experiência com o desespero infantil de se sentir perdido sem a presença do pai, da mãe ou dos cuidadores primários.
O ponto inicial para superar a dependência emocional é compreender que essa interpretação distorcida do amor não reflete a realidade.
Ao encarar a dor da perda de alguém amado, é natural experimentar uma intensa onda de sofrimento. Entretanto, abraçar essa experiência com maturidade é fundamental para o crescimento pessoal.
Libertação da Dependência Emocional
Crescer significa atravessar a vida com suas dores, mas sem entrar em desespero e num drama desnecessário. Reconhecer que a dependência emocional pertence ao passado é assumir a autonomia emocional e a responsabilidade por nossos próprios sentimentos.
Aproveitar o período de autonomia emocional antes de eventuais fases de dependência física na velhice é essencial. Compreender que a dependência emocional já é parte do passado permite explorar a vida de maneira autônoma e enfrentar os desafios emocionais como adultos maduros.
O Mapa da Saída da Dependência Emocional
Em resumo, o processo de superar a dependência emocional é uma jornada complexa de autodescobrimento e crescimento. Compreender que as bases emocionais estabelecidas na infância não definem as relações atuais é o primeiro passo para libertar-se desses grilhões emocionais.
Ao distinguir a dor do verdadeiro amor da angústia infantil da dependência emocional, podemos abraçar as experiências emocionais de maneira madura. Assumir a responsabilidade por nossos sentimentos e reconhecer nossa autonomia emocional são passos cruciais para construir uma vida emocionalmente saudável e equilibrada.