Realidade Semântica

Como você perpetua ou soluciona seus problemas

Imagem de Steve Buissinne por Pixabay

Chamamos de realidade semântica às noções sobre o mundo, a vida e as pessoas que criamos com nossas palavras e aplicações da linguagem.

Em termos concretos a sua realidade semântica será criada pelas palavras que você usa regularmente, os seus assuntos e temas habituais e os padrões de sua linguagem, tanto em conversa interna quanto em comunicação interpessoal.

Se sua vida é feliz ou triste, se você tem tendência à positividade ou à depressão, se as coisas boas acontecem facilmente ou não, isso é criado pela sua realidade semântica e termina por realimentá-la.

Vamos analisar um pouco cada um dos elementos da realidade semântica:

Palavras

As palavras que você usa regularmente definem em grande parte a realidade que você experimenta. Ao contrário do que se pensa normalmente, as palavras não retratam a realidade da pessoa, mas CRIAM essa realidade.

Na prática, a “realidade” é que acaba por corresponder às palavras habituais.

Pessoas com a vida fora de controle usam palavras feias, com significados traumáticos, palavras que lembram situações e conceitos dolorosos. Elas usam expressões que intensificam as experiências negativas, fazendo ficar pior.

Medo, traição, perda, derrota, fracasso, guerra, vingança, injustiça, engano, etc… são palavras comuns ditas por pessoas com vida fora de controle.

Letras de música e poesia

Ainda dentro da categoria palavras, as letras de música e refrões que você repete também criam sua realidade semântica. Por mais que sejam “só músicas”, são palavras repetidas mentalmente ou até em voz alta o tempo todo.

Uma pessoa quer viver um grande amor, mas vive cantando que “pra sempre sempre acaba” (Nando Reis/Renato Russo/Cassia Eller) ou que “não dá pra ser feliz” (Gonzaguinha) ou que “vida de casado é boa só perde pra de solteiro” (Wesley Safadão).

Outro quer ser rico e próspero e só vive cantando Zé Ramalho e Chico Buarque. A outra quer esquecer o ex, mas ta sempre com o refrão “se eu ligar da m…”

A mente inconsciente fica confusa com tantas ordens desencontradas.

Assuntos Habituais

Nesse item é que aparece mais obviamente a causa da pessoa estar vivendo a vida que vive, seja boa ou ruim. Os temas sobre os quais a pessoa sempre fala mostram exatamente como está a vida dela.

Pessoas com a vida fora de controle estão sempre falando dos outros, quase sempre falando mal e quando falam bem sentem pena de alguém, ou seja, falam bem de algum “coitadinho”, quase sempre pra depois contar como essa pessoa é explorada ou enganada por alguém (outro tema favorito de quem está infeliz: a traição e a exploração).

Sempre tem um monte de histórias de fracasso para rebater cada história de sucesso que você ousar contar pra eles. Eles tem um monte desses casos de derrota na ponta da língua, afinal passam a vida só falando disso.

Você sabe de um casal muito feliz? Lá vem trocentas histórias de casais infelizes, de maridos ou esposas traidores, de adultérios com a irmã ou a melhor amiga, de verdadeiros roteiros de novela.

Você conhece um cara que era muito pobre e se tornou bem sucedido honestamente? Você ouve milhares de histórias de pessoas cheias de disposição para trabalhar que foram enganadas pelos empresários malvados etc etc etc…

E sabe o pior? Todas essas histórias são verdadeiras. Há muita gente mesmo que foi traída, enganada ou que perdeu tudo na vida. A questão importante que deixa essas pessoas infelizes não é que as histórias que elas colecionam sejam ou não verdadeiras: é que elas SÓ GUARDAM, PROCURAM E FALAM SOBRE ESSAS HISTÓRIAS.

Imagina uma situação: um atleta se preparando para competir nas olimpíadas. Você acha que ele deve se espelhar na história de Michael Phelps e seu recorde de medalhas de ouro ou na história de inúmeros atletas que se desclassificaram na etapa inicial?

Pois bem, pessoas com a vida fora de controle SÓ PENSAM nas histórias que deram e dão errado, então suas fantasias são todas de medo e seu imaginário é povoado de tudo que pode dar errado.

Uma fórmula certa para ser infeliz.

Padrões de Linguagem

Chamamos de padrões de linguagem a forma como usamos as palavras independentemente do seu conteúdo.

Por exemplo: EU TIVE QUE…

Essa expressão, independente do que vier depois, significa que a pessoa fez algo por obrigação. Então, mesmo que seja uma coisa boa que venha depois, como “eu tive que fazer um ótimo trabalho”, ainda assim tem a implicação de obrigatoriedade.

Especificamente este é um exemplo de padrão de linguagem que tira o poder da pessoa e a coloca como alguém que tem a obrigação de fazer coisas que não quer, independente de sua própria vontade.

Há diversos padrões de linguagem que tiram da pessoa qualquer capacidade de tomar as rédeas de sua vida, criando uma vida de vítima seja qual for a situação.

Uma pessoa com a vida fora de controle sempre usa a linguagem de uma forma que ressalta todas as coisas que ela NÃO É CAPAZ de fazer, todas as coisas boas que ela não merece e todas as coisas impossíveis para ela.

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