O medo de ser arrogante impede a confiança.
Este artigo não é como os outros que escrevi. Não é um tutorial e nem ensina nenhuma técnica. É só uma conversa sobre a diferença entre auto confiança e arrogância.
Confiança
Podemos definir a confiança como um sentimento ou convicção de que se pode confiar em alguém ou alguma coisa.
Quando direcionada a uma pessoa, está ligada a acreditarmos nas coisas que a pessoa diz, que vai cumprir o que promete e em sua capacidade de fazer essas coisas.
Quando direcionada a nós mesmos, está ligada a acreditarmos nas nossas próprias palavras e capacidades.
Confiança e Desempenho
A autoconfiança está ligada à assertividade. É dizer “sou bom” sem qualquer comparação com os outros, apenas uma crença em suas habilidades, qualidades e julgamentos.
O alto desempenho está ligado não apenas a um alto nível de habilidade e competência, mas também a usar as leis da natureza (física, mental, fisiológica e social) a nosso favor.
A humildade te mantém fazendo isso porque te dá a compreensão de que você precisa de outras pessoas e precisa criar as condições com trabalho, treinamento e melhoria constante.
O Medo do Excesso
Muita gente me relata que tem medo de ser excessivamente autoconfiante. Quando pesquisamos isso mais a fundo, acabamos quase sempre por descobrir que o medo que está por trás disso é o medo de se tornar arrogante e prepotente.
Mas o que é a arrogância e porque a autoconfiança muitas vezes pode levar à arrogância?
Autoconfiança e Arrogância
Algumas vezes uma pessoa pode começar a fazer as coisas corretamente muitas vezes seguidas, ela pode ter um talento natural ou simplesmente ficar boa naquilo de tanto praticar.
Num determinado momento ela começa a desenvolver uma confiança em sua própria habilidade, uma espécie de certeza de que ela é boa naquilo.
A verdade é que a pessoa é boa naquilo por causa de sua atitude de praticar, observar os resultados e melhorar continuamente. Não tem nada de sobre-humano nisso.
Porém, pode acontecer dessa pessoa começar a pensar que há algo de especial NELA, que está conseguindo aquilo por causa de alguma característica que ela tem que mais ninguém tem. Ela começa a se sentir especial porque os outros não tem o mesmo talento dela.
E aí começa o problema: o foco vai para os outros, para a falta de talento (ou desempenho) dos outros e para a superioridade da pessoa em relação aos outros.
Nesse momento a arrogância tomou conta dela.
Isso pode acontecer cedo ou tarde na vida. Às vezes quando acontece mais tarde é até pior porque a pessoa não estava acostumada a acertar tanto.
Arrogância e Desempenho
A arrogância está ligada à agressividade. É dizer “sou bom e você é ruim, sou melhor que você”. Tem pouco a ver com a confiança porque depende enormemente do outro ter baixo desempenho (ou de fazer o desempenho dos outros parecer menor).
A arrogância depende da comparação com o outro, de colocar o outro pra baixo.
A arrogância é inimiga do alto desempenho porque faz a pessoa se achar sobre-humana e pensar que não precisa das outras pessoas, que não precisa usar as leis da natureza, as porcentagens e as probabilidades a seu favor.
O arrogante corre riscos demais e se prepara de menos porque se acha melhor que os outros. Toma decisões descuidadas. Além de gastar uma energia enorme conferindo o que os outros estão fazendo e procurando diminuir.
“Tornou-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Replicou-lhe Jesus: Se eu não te lavar, não tens parte comigo.” — João 13:18
Maturidade e Humildade
A humildade (que não deve ser confundida com a auto piedade, pobreza ou se fazer de coitadinho) é saber que você, assim como todos os outros, precisa continuar “olhando para a bola”, continuar a manter o foco no desempenho e na melhoria contínua e jamais achar que está pronto.
A humildade, aliada à autoconfiança, faz uma pessoa ser realmente poderosa em um paradoxo estranho que faz com que ela seja poderosa quando não se acha poderosa e que seja vulnerável quando se acha poderosa.
Abençoados aqueles que compreendem isso cedo na vida. Isso costuma vir somente com a maturidade e, quase sempre, à custa de sofrimento.