Mentalidade Masculina Dominante

O básico de ser homem

Imagem de Jan Vašek por Pixabay

É quase uma unanimidade entre as mulheres a reclamação de que os homens de hoje não sabem o que querem e que, sobretudo, não sabem ser homens. Além delas, os próprios homens tem a consciência de que não sabem mais ser decididos e dominantes pelos mais diversos motivos. Digo isso com segurança porque é uma das maiores demandas que tenho em contexto de treinamento masculino, terapia breve e coaching para homens: eles querem aprender como ser mais dominantes. É disso que trata esse artigo.

Antes de continuar é necessário fazer algumas distinções. Mentalidade dominante não é sinônimo de ser dominador, prepotente ou opressor. Mentalidade dominante é saber o que quer e comunicar isso claramente sem se sentir culpado ou errado.

A mentalidade dominante não é importante somente no relacionamento do homem com a mulher, mas em todos os seus relacionamentos e principalmente no relacionamento que o homem tem consigo mesmo. Se você não tem domínio próprio, sua vida jamais vai ser do jeito que você quer.

O jeito que você quer

Exatamente o primeiro ponto da mentalidade dominante é saber o que você quer. Alguns caras se dizem tão “de boas” que a única coisa que querem é viver em paz e fazer as vontades das pessoas que estão à sua volta.

Esses caras parecem bonzinhos, mas de bonzinho não tem nada. Eles tem uma “agenda oculta” (às vezes oculta até deles mesmos) que é a necessidade desesperadora de serem aceitos. Então fazem as vontades dos outros na tentativa de serem aceitos pelo grupo ou pela mulher ou pela família, seja lá quem for.

Acontece que as pessoas não costumam considerar e respeitar muito quem se comporta como capacho. Pelo contrário, elas costumam desrespeitar e achar que ele tem a obrigação de fazer mais e mais. É como eu sempre digo…

Onde estiver um cara fazendo nove coisas pra agradar uma pessoa, vai estar a pessoa reclamando porque ele não fez a décima coisa.

Então a primeira coisa que você precisa eliminar da sua vida é essa necessidade de ficar agradando as pessoas e fazendo coisas que você não está a fim só porque outros querem. Não existe nada menos masculino do que isso. Nada.

Saber o que você quer

Ficamos então com a pergunta fundamental: o que você quer?

Não, essa não é daquelas perguntas complexas e filosóficas sobre propósito de vida (embora isso também seja importante). Essa é uma pergunta simples e que o mundo faz pra você mesmo todos os segundos: e agora? O que você vai fazer?

Então, antes de sentar aqui para escrever este artigo havia inúmeras opções de coisas a fazer. Gastar tempo no Facebook, atender ao pedido da minha namorada de ir ao hortifruti, ver televisão, comer chocolate etc…

Se eu fosse do tipo agradador, provavelmente estaria agora no hortifruti SEM VONTADE DE ESTAR LÁ e este artigo não estaria aqui no blog. Acredite no que eu digo porque eu já fui exatamente esse tipo babaca que fazia as vontades dos outros.

Se eu fosse alguém descompromissado com meu trabalho e minha missão, estaria no facebook olhando curtidas e vendo as mentiras que as pessoas ficam contando nas redes sociais. Atualmente a maior parte do tempo que passo no face é clicando em “deixar de seguir fulano”.

No momento da dúvida simples (o que vou fazer agora?), olhei pra dentro de mim, entrei em contato com minhas sensações, pensei nas coisas que quero e disse “Vamos no Hortifruti mais tarde. Agora quero escrever um artigo.”

Sem drama. Sem problema. Sem culpa. Bem tranquilo. Sei o que quero e estou fazendo. Te garanto que ganhei um centavo de ponto de respeito a mais por isso.

Mas o mais importante, ganhei meu próprio respeito. Como esse tipo de situação acontece todos os dias, estou com uma bela quantidade de respeito próprio acumulado aqui.

Quem cuida de quem

Um fato importante da vida adulta é que o único responsável por cuidar de você, das suas necessidades e dos seus desejos é você mesmo. Mais ninguém.

Isso não é desmerecer o papel da mulher de cuidadora e nem o papel dos amigos e parentes de ser agradáveis e ter uma boa convivência. Eu continuo com os meus papeis masculinos de proteger, prover e liderar. Eu cuido das pessoas com quem convivo, as protejo. Isso é coisa de homem. Sem problemas.

A questão aqui é que nenhuma delas tem obrigação de fazer todas as minhas vontades e atender todas as minhas necessidades assim como eu não tenho obrigação de fazer todas as vontades e atender todas as necessidades de nenhuma delas.

As únicas pessoas que você tem obrigação de atender a todas as NECESSIDADES (não as vontades) são seus filhos. E assim mesmo somente até que sejam adultos.

Quem tem a obrigação de atender minhas vontades e minhas necessidades sou eu. Não posso jogar essa responsabilidade sobre as pessoas.

Quando a gente tem relações disfuncionais, ficamos tentando adivinhar as necessidades dos outros, atender todas as vontades PARA QUE ELES ATENDAM ÀS NOSSAS EM TROCA.

Isso é doentio. Você não tem que adivinhar necessidade de ninguém e ninguém tem que adivinhar necessidade sua.

Eu atendo diversas necessidades e faço várias vontades de pessoas que amo e/ou considero. E faço isso por amor e/ou consideração. Não faço esperando nada em troca e sobretudo não faço nada que me violente, que seja contrário aos meus princípios e valores ou que eu não esteja com vontade genuína.

Você precisa conhecer suas vontades e precisa saber que é você que vai fazer essas coisas acontecerem na sua vida.

A Coragem de Falar

Sobretudo você precisa desenvolver a coragem de abrir a sua boca e dizer “NÃO” quando você não quiser alguma coisa e dizer “SIM” somente quando você quiser. Isso não é egoísmo ou não levar a relação a sério, é saber o que você quer e ser honesto a respeito.

Cada vez que você diz “SIM” quando na verdade queria dizer “NÃO” você está sendo DESONESTO e mentiroso. Mesmo que sua intenção seja boa ou seja algo do tipo “eu só quero viver em paz”.

Talvez você agora pense que eu só faço coisas que to a fim na hora. Isso não é verdade. Muitas vezes meu corpo acorda sem vontade de ir treinar, mas eu vou mesmo assim. Muitas vezes saio com minha família ou amigos sem estar a fim, mas foi uma escolha consciente de dar atenção depois de um período mais longo em que estive ausente por algum motivo.

Eu não faço coisas que não to a fim o tempo todo. E quando as faço, existe um propósito que não é somente agradar para depois poder pedir algo em troca.

Quando homens que só falavam “SIM” começam a falar “NÃO” sofrem resistência por algum tempo, mas depois são reconhecidos, respeitados e até mais desejados.

RESUMINDO TUDO

Para ter uma mentalidade dominante e um comportamento de homem você precisa:

Saber claramente o que você quer

Entender que você é a única pessoa que tem a responsabilidade de se satisfazer

Ter a coragem de abrir a boca e dizer o que você quer

Se você adotar essas três coisas a partir de agora, te garanto que todas as áreas da sua vida vão mudar pra muito melhor. E inclusive coisas que você nem pensava que poderia melhorar, vão ficar muito mais gratificantes do que você imagina.

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