codependência

A codependência começa na infância

Entenda como começa a codependência

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A difícil infância que leva á codependência

Na maioria dos casos, a codependência emocional vem de uma infância complicada. Vamos dar uma passada nos acontecimentos típicos.

Quando surgiu o termo “codependência emocional” e durante algumas décadas pensava-se que ela se desenvolvia necessariamente pelo convívio com alguma pessoa depende de álcool ou drogas.

Mas, conforme a codependência foi sendo estudada e tratada como uma condição em si mesma, percebeu-se que ela pode se desenvolver em qualquer família com dinâmicas de estresse e altos níveis de exigências.

Os agentes estressores podem envolver alcoolismo, um membro com uma doença crônica ou algum transtorno de personalidade, muito comumente narcisismo, bipolaridade ou transtorno borderline.

Pode haver abuso ou não, mas crescer em uma família problemática é um dos principais contribuintes para se sentir desvalorizado e sem poder, o que cria a base para uma pessoa desenvolver codependência.

É importante lembrar que a codependência é um modelo de mundo, uma forma de ver quaisquer relações e a pessoa carrega consigo até que trabalhe em suacura.

Famílias Funcionais e Disfuncionais

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A definição mais clara e simples das diferenças entre uma família saudável e uma problemática veio da Dra Virginia Satir.

Nas famílias saudáveis, as pessoas têm autoestima bem desenvolvida, há expectativas realistas, regras bem claras e flexibilidade para lidar com as situações diferentes. Isso deixa as crianças seguras de seu valor e capazes de comunicar suas emoções sem medo.

Nas famílias disfuncionais, a autoestima de todos é baixa e condicional. As regras não são claras, variam de acordo com o humor dos outros, as crianças não sabem o que é certo e o que agrada os pais ou cuidadores.

Isso leva as crianças a ter uma autoestima muito baixa e uma comunicação confusa e desonesta, por medo das reações imprevisíveis de seus cuidadores.

Isso tende a gerar um trauma que leva à codependência.

Invalidação Constante

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A invalidação é muito comum nas famílias de pessoas com codependência,

Chamamos de invalidação ao abuso emocional em que as emoções e a verdade da vítima não são apoiadas, validadas, e o(s) abusado(es) fazem ela se sentir insuficiente por ser quem é.

Acontece muito em famílias em que as pessoas não estão dispostas a ouvir a criança e fazem com que reprimam emoções ou percepções que façam deixem os pais desconfortáveis.

Um exemplo que aconteceu comigo. Minha mãe me batia MUITO, mas muito MESMO. Com ou sem motivo. Quando eu reclamava disso com minha avó, ela dizia “É o jeito dela te amar, meu filho.”

Hoje, adulto, olhando pra trás entendo que se trata de afeto disfuncional, mas como criança isso só me fazia sentir culpado, como se eu “merecesse” apanhar.

Supressão de Emoções

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Imagem de Kant Smith por Pixabay

O famoso “engole o choro” é comum nas famílias que dão origem á pessoas com codependência. Só que isso pode aparecer diretamente, como nessa frase, ou de formas mais sutis.

Na minha família, havia a mensagem subentendida de que quem chora é fraco ou sensível demais, quase afeminado (uma coisa que, na época, era considerada muito errada e carregada de culpa).

As pessoas não precisam verbalizar especificamente a frase “gente que chora é fraca” ou “homem não chora”, mas isso pode vir de olhares de desprezo, expressões que indicam uma aversão ou que levam a sentir vergonha.

Minha mãe dizia “Para de chorar senão eu te dou um motivo real pra chorar!”.

Esse tipo de experiência deixa a criança desconectada de suas próprias emoções, de sua própria voz interior enquanto crescem e formam sua personalidade.

Isso de engolir as emoções torna muito difícil se conhecer e criar sua própria realidade independente de feedback externo e a base da codependência é precisar de alguém que reafirme a realidade do codependente.

Negação do Senso de EU

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Imagem de Artur Skoniecki por Pixabay

Crianças em famílias disfuncionais costumam viver não só a invalidação e a minimização de seus pontos de vista e emoções, mas também a invalidação de seu senso de si mesmas, de suas essências, outra característica básica da codependência.

Isso vem através de uma mensagem de que elas “nasceram com defeito”, de que há algo fundamentalmente errado com a forma como se sentem e pensam. Exatamente a sensação da pessoa com codependência.

A criança aprende que não é merecedora de amor pela sua própria natureza, por ser quem é. Ela ouve frequentemente perguntas como “Qual o seu problema?”, “Por que você é assim?” (com uma expressão de reprovação), “Em que mundo você vive?” etc… sempre que cometem um erro ou algo que é ressignificado como erro pelos cuidadores.

Expectativas Fora da Realidade

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Famílias problemáticas também tendem a ter expectativas fora da realidade e muito rígidas. Nessas situações, a família espera que a criança se comporte como um pequeno adulto em todas as situações.

Espera-se que a criança seja a melhor aluna da escola, o melhor atleta infantil, aprenda várias línguas, nunca fale besteiras em público etc… Ou seja, espera-se uma criança perfeita, o que é impossível.

Isso gera uma sensação permanente de que nada que a criança faça é bom o suficiente, um sentimento crônico nas pessoas com codependência emocional.

Negligência/Abandono

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A experiência de negligência ou abandono pode levar à codependência.

Crianças normalmente entendem que tudo que acontece em suas vidas é culpa delas mesmas, é por causa de quem elas são. Então, ao serem negligenciadas sentem que não são merecedoras de cuidado e amor.

Somente quando a pessoa é adulta e trabalha em se desenvolver entende que o que as outras pessoas fazem fala sobre quem ELAS são. Mas crianças levam tudo para o pessoal.

Então, qualquer abandono ou negligência faz a criança achar que é ruim, ou não que não é boa o suficiente e foi isso que causou o abandono do cuidador. Se ela fosse melhor, não teria sido abandonada, é a falsa crença que surge dessa experiência e que conduz à codependência.

Um cuidador (pai, mãe etc…) pode estar fisicamente presente, mas emocionalmente ausente e não disponível. Um caso clássico é quando a criança conta que sofreu abuso sexual, mas a família nega ou abafa isso de alguma forma.

Observação Importante sobre o desenvolvimento da codependência

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Nem todas as pessoas que sofrem de codependência tiveram uma infância conturbada. Às vezes, o desenvolvimento da codependência ocorre na idade adulta.

Isso pode acontecer por uma lesão de apego, tipo a pessoa ser abandonada ou traída em um momento de necessidade, como quando acontece adultério enquanto um dos parceiros está doente ou em caso de abuso doméstico.

Independentemente de quando a pessoa desenvolveu sua codependência, seus sentimentos são válidos e ela precisa cuidar de si, de preferência com terapia.

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