Como a bondade obrigatória se tornou a base da distopia atual
Há uma tendência cultural preocupante agora que chamo de compaixão obrigatória.
Disfarçando-se de um simples pedido de gentileza, só que obrigatoriedade por trás, esse pensamento está no centro de restrições desnecessárias, discurso forçado e outras doutrinas que conduzem atualmente o tecido de nossa sociedade.
A compaixão é um sentimento positivo que todos experimentamos quando olhamos para o rosto de um ser humano e vemos sua vulnerabilidade. É um sentimento individual, sentido de uma pessoa para outra.
A compaixão obrigatória é uma versão distorcida dessa emoção natural e adaptativa. É quando alguém exige compaixão de outro, geralmente em nome de um grande grupo ou identidade. “Tenha compaixão pelos imunocomprometidos”; “Fale de um modo que ninguém se ofenda.”
O primeiro problema de exigir compaixão é que não funciona. A pessoa que está sendo forçada pode fingir que sente isso para evitar vergonha ou bullying, mas é só isso. Você não pode controlar os sentimentos naturais de alguém.
Em seguida, a compaixão não pode ser sentida por grandes grupos. Se você tenta sentir simpatia por todos os pacientes com câncer, por exemplo, acaba imaginando os indivíduos que conhece nesse grupo e alguns deles podem não ser tão dignos de simpatia assim.
Mais importante ainda, a compaixão forçada é manipulatória. Insinuar que, se alguém não age como você deseja, é uma pessoa má é prejudicial e falso, e fazê-lo em público para aumentar a pressão dos colegas é uma tática muito covarde, o conhecido shaming.
Hoje em dia, há muitas pessoas tomando atitudes, tendo comportamentos e repetindo declarações em que não acreditam apenas porque não querem ser envergonhadas. Os executores da compaixão parecem ter tido sucesso, mas eles apenas alcançaram o controle – não uma crença genuína.
A verdadeira compaixão deve ser conquistada. Como amizade e respeito, alguns são melhores em atraí-lo do que outros. Isso é lamentável, pois cada pessoa é digna disso. Mas não há atalho.
Aqueles que não conseguem ganhar a atenção e a simpatia de que precisam muitas vezes se juntam a movimentos políticos que incentivam a compaixão obrigatória como tática. Eles nos dividem em tribos baseadas em identidade e nos enfurecem uns com os outros. Não devemos perpetuar este ato.
Para obter compaixão genuína, devemos pedir a amigos e comunidade, que esperamos ter espaço para dar. A simpatia verdadeiramente merecida é o único antídoto para nossa mágoa; fazer os outros fingirem sentir, mesmo que eles próprios acreditem que sentem, é, em última análise, insatisfatório e prejudicial.
Movimentos para criar consciência sobre problemas de grandes grupos são importantes. Eles permitem que as pessoas percebam sua simpatia genuína. Mas eles são mais fortes quando não obrigam a compaixão. Conquistá-la é um caminho mais pacífico para mudar do que usar a força psicológica.
Autor: Evan Bailyn