Como as pessoas se habituaram ao shaming: “ganhar discussões” envergonhando a outra pessoa
Shaming por Ad Hominen
Já escrevi algumas vezes sobre a falácia ad hominen que é a pessoa tentar refutar uma ideia sua falando sobre VOCÊ ao invés de falar sobre a própria ideia.
Então, por exemplo, uma pessoa A diz pra pessoa B que não gosta de estoicismo. Daí a pessoa B diz que isso é porque ela votou no Lula (ou Bolsonaro, tanto faz, o argumento é idiota do mesmo jeito) ao invés de falar dos conceitos do estoicismo em si (que é o assunto).
Outro exemplo é uma pessoa A dizer que o estado atrapalha o empreendedorismo e a pessoa B chama ela de fascista, machista, nazista, comunista, trapezista… esse tipo de imbecilidade.
Shaming por Espantalho
Existe também a falácia do espantalho em que a pessoa refuta uma coisa que não tem nada a ver com o que você falou. Ela até tem argumentos, mas não se encaixam no tema.
Por exemplo, uma pessoa A diz que tem dúvida sobre como é o universo e a pessoa B argumenta contra a ideia da Terra plana.
A pessoa A só disse que não sabe como é o universo inteiro, mas como a pessoa B provavelmente não sabe muita coisa sobre Cosmologia, ataca uma ideia fácil de ser refutada que MUITO DE LONGE se parece com o que a pessoa A falou.
O Shaming Reúne as Duas
Mas existe uma falácia que reúne tanto o ad hominem quanto o espantalho que é a estratégia do envergonhamento (“shaming”).
Funciona assim: você tem uma opinião que a pessoa não gosta. Por não ter rigorosamente nenhum argumento sobre a própria opinião, ela te xinga (ad hominen) de alguma coisa que não tem nada a ver com a opinião em si (espantalho), mas que procura fazer você se sentir envergonhado (envergonhamento) ou fazer os outros te enxergarem de uma forma que leve à vergonha pública.
Um exemplo clássico de envergonhamento que vi esses dias no instagram foi um médico endocrinologista dizendo em uma postagem que é bom para o homem fazer musculação porque pegar peso estimula a produção de testosterona.
Foi chamado de “macho tóxico”, disseram que aquilo era “masculinidade frágil”, e até alguns caras chamaram ele de “macho beta” porque PRECISA de musculação pra ter testosterona.
Vamos pegar esse exemplo de “masculinidade frágil”.
Lembra que a Ministra Lacrares…ops!! Damares disse que menino usa azul e menina usa rosa? Fizeram um escarcéu danado. Mas uma coisa posso te garantir: se fosse um homem dizendo isso, teriam chamado de “masculinidade frágil”.
A resposta que deveria ser dada é simples: “eu uso a cor que eu quiser”. Não precisa xingar nem fazer a pessoa sentir vergonha, só precisa responder.
Mas não. Eles tem que falar mal da pessoa e ainda tentar fazer ela sentir vergonha.
E Por Que Fazem Shaming?
Vergonha e medo são as emoções mais poderosas para manipulação de comportamento. Então, se eu quiser fazer VOCÊ CALAR A BOCA, a melhor estratégia não violenta é fazer você sentir vergonha pelo que está dizendo (a violenta seria te ameaçar).
Esses dias um cara comentou uma postagem minha num grupo tentando me fazer sentir vergonha. Minha resposta foi simples: “Já reparou que sempre tentam fazer a gente sentir vergonha?”
Um exemplo fácil é o que está acontecendo em relação à peste (essa aí que usam pra justificar o lockdown).
A questão toda deveria ser tratada com o método científico. Simples assim. Análise estatística de dados e depuração do processo de coleta desses dados.
Mas criaram essa estratégia de reduzir uma questão de saúde pública à dicotomia idiota que faz a narrativa do vírus ser “de esquerda” e a ideia de buscar mais evidências ser “de direita”.
E tome chamar os outros de minions, sejam pandeminions sejam bolsominions. Ou seja, uma idiotice sem tamanho, tentando calar a boca de quem acredita na narrativa oficial ou de quem não acredita com base na vergonha.
O Shaming Reverso
Existe ainda o shaming/envergonhamento reverso que é quando você fala alguma coisa em termos simples e a pessoa se faz de ofendida, como se você estivesse tentando envergonhá-la.
Exemplo, um homem diz para sua mulher que não gosta quando ela fala com um tal Fulano do trabalho, diz que sente ciúme e ela se faz de ofendida e responde “Você está me chamando de vadia?!”
Mas não. Não foi isso que ele disse. Ele falou dele, disse que se sente inseguro quando ela fala com um tal sujeito. Ele foi honesto e vulnerável.
Ela poderia também usar o envergonhamento direto dizendo “Você é um inseguro! Tem masculinidade frágil!” e se ele cair nessa armadilha não vai mais falar quando sentir ciúme com medo de parecer inseguro.
Qual seria a resposta de uma mulher adulta? “Amor, ele é meu cliente e eu tenho que falar com ele.” ou alguma coisa parecida, ou seja, uma pessoa adulta NEGOCIA esse tipo de coisa, não se ofende nem tenta ofender.
Fique Atento à Armadilha do Shaming
No mundo de hoje está todo mundo tentando “ganhar as discussões” mesmo que seja de forma desonesta ao invés de buscar sinceramente entender o outro e ouví-lo.
Então, fique atento às estratégias de envergonhamento. Elas tem sempre o objetivo desonesto de fazer você se calar.
[…] Govenador do Amazonas na capital quanto no interior, o objetivo tem sido a estratégia da falácia por “shaming” reforçada por falsos […]
Esse artigo é muito bom ele explicou de maneira simples as estratégias desonestas mais usadas
Obrigado!